SOL
Aqui descansa o Sol
Que criou a aurora
E deu luz ao dia
E apascentou a tarde
O mágico pastor
De mãos luminosas
Que fecundou as rosas
E as despetalou
Aqui jazz o Sol
O andrógino meigo
Violento
Que possuiu a forma de todas as mulheres
E morreu no mar
Não te vira cantar sem voz, chorar
Sem lágrimas
E estrelas desencantar
E, mudo recolhê-las
Para lançá-las fulgurando ao mar?
Não te vira no bojo secular
Nas praias desmaiar de êxtase
Entre abismos do luar?
Para lavar os olhos de impostura
De uma vida que cala, inconseqüênte
Arrancada da carne intransigente
Pelo trágico amor à criatura.