Comentário:
Me aproximei da política influenciado pela minha família.
Minha mãe foi responsável pelo Ministério do Trabalho por 32 municípios da Província de Santa Catarina. Minha madrasta foi secretária-geral da prefeitura do Partido dos Trabalhadores em Blumenau. Meu pai foi politicamente vinculado ao Partido Democrata Trabalhista.
Minha vinculação política começou com o Partido Social-Democrata Brasileiro, e tive formação política no Instituto Teotônio Vilela. Quando me tornei líder estudantil no Centro de Arquitetura, fui atraído pelo Partido Verde, que era o partido político dos arquitetos.
Meu primeiro contato com os processos políticos e burocráticos aconteceu no meu primeiro emprego, como aprendiz de designer, aos 15 anos, no escritório da principal construtora de Joacaba, a Oficina de Engenharia Dagostine Ltda, onde observei os movimentos políticos de setorizações.
Graças à excelente recomendação dos meus professores do curso de aprendizagem industrial do SENAI, aos 17 anos fui contratado como designer urbano na Secretaria de Planejamento da Prefeitura de Jaraguá do Sul, cargo político, pois ainda não tinha idade para ser contratado.
A partir daí, comecei a observar a influência política relacionada à setorização urbana e à disponibilização de serviços públicos, e como o comportamento das pessoas é moldado por esse método de isolar ou não determinadas populações com viés político contrário à oligarquia.
A tríade modernista: Oscar Niemeyer, Frank Lloyd Wright e Le Corbusier, revolucionou o planejamento urbano ao alterar a configuração urbana, permitindo que os oligarcas isolassem os pobres das regiões produtoras de alimentos, de geração de riqueza e de entretenimento.
Quando ingressei na universidade, aos 18 anos, na cidade vizinha, Blumenau (FURB 1995), os arquitetos buscavam expandir sua influência na prefeitura, e o diretor do curso de Arquitetura, que era também presidente provincial do Partido Verde, foi nomeado diretor de Urbanismo da prefeitura.
Ao ingressar no Partido Verde e na prefeitura, projetei a ampliação da principal via da cidade, que passava junto ao rio, utilizando a técnica de construção de grandes edifícios próximos ao mar, da minha ilha natal, Florianópolis, e fiz as correções do transporte público.
A partir daí, tive problemas com os arquitetos da oligarquia que dominavam os contratos públicos de construção, como a construtora Odebrecht, e meu nome acabou sendo marcado. Não fiz grande esforço para sair dessa "lista negra", e me converti ao Islã com grande orgulho.
A experiência com o urbanismo é uma forma de preparar profissionais para planejamentos em grande escala, com muitos recursos, projetos interdisciplinares, que normalmente demoram muito para serem concluídos e que gerenciam uma grande quantidade de interesses.
O urbanismo é o planejamento físico da vida das pessoas: é o design que desenha mais com política do que com canetas. Por esse preparo, os urbanistas de esquerda desempenharam um papel importante no desenvolvimento do socialismo, desde o pós-Segunda Guerra até hoje.
O prestígio que eles conquistam, a medicina para Cuba, a tecnologia 5G para a China e a tecnologia militar para a Rússia, servem para concluir que produtos, obras e tecnologias bem planejados compartilham seu prestígio com o regime que os possibilitou.
Fui cartunista de jornais de esquerda na década de 90 e comentarista de rádio vinculada aos sindicatos de esquerda nos anos 2000. Meu último papel foi na edição do primeiro vídeo da candidatura de Lula em 2022; meu contato com o PT se dava por meio de Rosa, na organização de comitês populares.
Um planejamento por si só não tem valor quando é mal feito. De maneira geral, qualquer planejamento é melhor que agir no improviso. E um bom planejamento é melhor que um mau planejamento. Quando há excelência no planejamento, o resultado dificilmente será ruim.
O principal problema da evolução industrial, na minha perspectiva, não é a atividade em si, mas o ambiente. O problema é gerar um ambiente livre de oligarquias colonialistas, que se fixam no poder explorando intelectual ou fisicamente a classe trabalhadora.
Por exemplo, o projeto de reconstrução da Argentina parece inviável, pois contempla famílias oligárquicas que sabotam o governo para se manter no poder, aceitando apenas trabalhos do governo que beneficiem os oligarcas.
Espero ter a oportunidade de trabalhar no seu país, onde a luta pela liberdade está mais avançada do que em outros países da região.